Para entender o que é indulgência, devemos ter em mente dois aspectos do pecado: a culpa e o castigo. A culpa é remida através da Confissão; o castigo é o efeito do pecado que permanece mesmo depois do perdão. A indulgência remove também a pena temporal, graças à mediação da Igreja e a certas práticas devotas que os fiéis são chamados a realizar. Pode ser parcial ou plenária.
A origem da indulgência está nas práticas penitenciais que caracterizaram as primeiras comunidades cristãs. Muito antes dos sacramentos serem estruturados como os conhecemos hoje, os fiéis tinham de servir o castigo causado pelo seu pecado através de acções e procedimentos muito específicos, muitas vezes públicos. Ao longo dos séculos, particularmente em torno de 1000-1100 d.C., o costume se difundiu de que o castigo ao qual o crente era submetido podia ser aliviado ou cancelado através da intervenção da Igreja. Com certas obras, orações, peregrinações, o crente arrependido poderia obter uma indulgência.
Para esclarecer e reunir todas as informações sobre como obter indulgências plenárias, existe o Manual de Indulgências. O Manual contém vários documentos, incluindo as “Normas sobre Indulgências” e uma lista de concessões, ou seja, trabalhos a serem realizados e orações a serem recitadas para obter a indulgência. A confissão e a comunhão sacramental são sempre necessárias, assim como a oração pelas intenções do Papa.
O Catecismo da Igreja Católica ensina que: “Por meio das indulgências, os fiéis podem obter para si próprios, e também para as almas do Purgatório, a remissão das penas temporais, consequência do pecado.”(nº 1498).
A indulgência plenária pode ser recebida tanto para si mesmo como para quem já faleceu. Ao pedir uma indulgência para os entes queridos falecidos, os fiéis podem reduzir ou cancelar a sentença que têm de servir antes de chegarem ao Céu.
Como obter Indulgência plenária?
De acordo com o Manual das Indulgências, para se ganhar uma indulgência plenária (uma vez por dia apenas), para si mesmo ou para as almas, deve-se fazer:
1) uma confissão individual rejeitando todos os pecados (basta uma confissão para várias indulgências);
2) receber a Comunhão Eucarística;
3) rezar pelo Papa ao menos um Pai-Nosso, Ave-Maria e Glória.
Além disso, escolher e realizar uma destas práticas:
1 – Adoração ao Santíssimo Sacramento pelo menos por meia hora; ou
2 – Leitura espiritual da Sagrada Escritura ao menos por meia hora; ou
3 – Piedoso exercício da Via-Sacra; ou
4 – Recitação do Rosário de Nossa Senhora na igreja, no oratório, na família; ou na comunidade religiosa ou em piedosa associação.
Como obter Indulgências durante o Jubileu 2025?
Em 2025, a Igreja Católica celebra o Ano Jubilar, um tempo especial para viver o perdão, a misericórdia e a esperança. A possibilidade de pedir e obter indulgências é, desde sempre, parte integrante e relevante da tradição dos Jubileus.
“A indulgência permite-nos descobrir como é ilimitada a misericórdia de Deus. Não é por acaso que, na antiguidade, o termo «misericórdia» era sinónimo de «indulgência», precisamente porque pretende exprimir a plenitude do perdão de Deus que não conhece limites”, escreve o Papa Francisco, na Bula que anuncia o Jubileu de 2025 (Spes non confundit, 23).
As modalidades, as práticas e os lugares sagrados, em Roma e no mundo inteiro, onde será possível obter o dom da indulgência durante o Jubileu estão definidas num documento divulgado pela Penitenciaria Apostólica do Vaticano.
Quem?
De acordo com o documento, qualquer pessoa batizada e não excomungada pode obter indulgências. Para obtê-las, o fiel batizado deve estar na graça de Deus, isto é, sem pecado mortal. É necessária também a intenção de obter a indulgência, pois o benefício é concedido apenas a quem positivamente pretende recebê-lo.
Como?
Diz o documento da Penitenciaria Apostólica do Vaticano: “Todos os fiéis verdadeiramente arrependidos, excluindo qualquer apego ao pecado e movidos por um espírito de caridade, e que, no decurso do Ano Santo, purificados pelo sacramento da penitência e revigorados pela Sagrada Comunhão, rezem segundo as intenções do Sumo Pontífice, poderão obter (…) pleníssima Indulgência, remissão e perdão dos seus pecados, que se pode aplicar às almas do Purgatório sob a forma de sufrágio”, das seguintes formas:
* Peregrinando a lugares sagrados ou visitando algum deles
– Nas dioceses de todo o mundo
Os fiéis poderão alcançar a Indulgência Jubilar se, individualmente ou em grupo, visitarem com devoção qualquer lugar sagrado (basílicas menores, igrejas catedrais, santuários marianos) designado como lugar jubilar por cada bispo diocesano, assim como santuários nacionais ou internacionais, indicados pelas Conferências Episcopais. Nesses locais e num adequado período de tempo, os fiéis devem cumprir os preceitos definidos: confessar-se, participar na Eucaristia ou Adoração Eucarística, receber a comunhão eucarística e rezar pelas intenções do Papa.
Na Diocese de Setúbal
Os fiéis da Diocese de Setúbal poderão peregrinar pelo menos a um dos seguintes locais:
– Igreja Catedral de Santa Maria da Graça (Sé de Setúbal);
– Santuário de Cristo-Rei – Almada;
– Real Santuário de Nossa Senhora da Atalaia – Montijo;
– Santuário de Nossa Senhora do Cabo Espichel.
Caso pretenda ir à Capital, poderá obter indulgência, entre outros locais, na Sé de Lisboa.
Em Fátima obterá indulgência no Santuário de Nossa Senhora de Fátima.
– Em Roma e Itália
Se estiverem em Roma, os fiéis poderão peregrinar pelo menos a uma das quatro Basílicas Papais Maiores (São Pedro, no Vaticano; Santíssimo Salvador, em Latrão; Santa Maria Maior e São Paulo Fora-dos-Muros).
Por ocasião particular do Ano Jubilar, além dos referidos locais de peregrinação, em Roma também poderão ser visitadas a Basílica da Santa Cruz em Jerusalém; a Basílica de San Lorenzo al Verano; a Basílica de São Sebastião; o Santuário do Amor Divino, a Igreja de Santo Spirito in Sassia, a Igreja de São Paulo alle Tre Fontane (lugar de martírio do Apóstolo), as Catacumbas Cristãs.
Em Itália, poderão ser realizadas peregrinações jubilares também às duas Basílicas Papais menores de Assis, de São Francisco e de Santa Maria dos Anjos; as Basílicas Pontifícias de Nossa Senhora de Loreto, de Nossa Senhora de Pompeia e de Santo António, em Pádua.
– Na Terra Santa
Na terra de Jesus, será possível realizar peregrinações jubilares e pedir a Indulgência Plenária visitando pelo menos uma das seguintes Basílicas; do Santo Sepulcro, em Jerusalém; da Natividade, em Belém; e da Anunciação, em Nazaré.
* Praticando obras de misericórdia e de penitência
Sem realizar peregrinações ou visitas aos lugares jubilares, os fiéis também poderão obter a Indulgência Jubilar das seguintes formas:
– Participando nas Missões Populares;
– Participando em Exercícios Espirituais ou Encontros de Formação sobre textos do Concílio Vaticano II e do Catecismo da Igreja Católica, a serem realizados numa igreja ou noutro local adequado;
– Realizando Obras de Misericórdia corporais e espirituais;
– Realizando Atos Penitenciais como:
a) Redescobrir o valor penitencial das Sextas-Feiras, abstendo-se durante pelo menos um dia de distrações fúteis (induzidas, por exemplo, pelos meios de comunicação e redes sociais) e de consumos supérfluos (por exemplo, jejuando ou praticando a abstinência segundo as normas gerais da Igreja e dedicar uma quantia proporcional de dinheiro aos pobres);
b) Apoiar obras de carácter religioso ou social, especialmente em favor da defesa e proteção da vida em todas as suas fases, das crianças abandonadas, dos jovens em dificuldade, dos idosos necessitados ou solitários, dos migrantes dos vários países;
c) Dedicar uma parte razoável do seu tempo livre a atividades voluntárias que sejam de interesse da comunidade ou a outras formas semelhantes de compromisso pessoal.
*Redação, Vatican News e Agência Fides